sábado, 4 de outubro de 2008

MG: Estado barroco e moderno

O título do blog não foi uma escolha aleatória. O debate entre progressistas x conservadores sempre me foi de grande interesse, seja na ciência ou nas artes. Para ilustrar mais um capítulo desta dicotomia, que penso ser natural da cultura brasileira, apresento um breve perfil de dois monumentos brasileiros, quiçá universais: Igreja São Francisco de Assis, em Ouro Preto-MG e a também Igreja São Francisco de Assis, porém, da capital mineira, Belo Horizonte.

Barroco

Ouro Preto, antiga Vila Rica, guarda outras centenas de milhares de riquezas, talvez, mais nobres que o ouro, marca registrada da cidade no século XVII e XVIII. E uma delas, sem dúvida, é a Igreja São Francisco de Assis. Localizada no lado esquerdo da cidade, ela é uma das obras-primas barrocas brasileiro, além de ser uma das maiores realizações de Aleijadinho (1730-1814). A Igreja é uma das raras construções em que o projeto, a obra escultórica e a talha são de autoria de um mesmo artista, o que confere grande unidade e harmonia ao conjunto. Mesmo a pintura e o douramento — do forro, retábulos e laterais —, sob a responsabilidade de Manuel da Costa Athayde (1762-1830), encontram-se em perfeita sintonia com o conjunto.

No frontispício, à esquerda do espectador, sua ornamentação consiste em um anjo sustentando uma cruz ornada, circundada por uma glória, e à direita, outro anjo, com os braços estendidos, aponta para a composição central. Nessa, dois brasões trazem as armas franciscanas e as do reino de Portugal. Ornando o medalhão superiormente, a Virgem, de mãos postas. Entre os brasões e o medalhão vê-se o braço estigmatizado de São Francisco e o braço de Cristo.

Quanto à pintura, merece destacar a pintura do forro em abóbada, de autoria de Manuel da Costa Athayde, onde o artista empregou duas técnicas diferentes: a têmpera para os elementos de arquitetura ilusionista e o óleo para o medalhão central, onde está representado o tema da Glorificação da Virgem.

Modernismo

Localizada nas margens da
Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, a Igreja São Francisco de foi concebida pelo arquiteto Oscar Niemeyer. O projeto, com suas linhas arrojadas, é considerado um marco da arquitetura moderna brasileira. Decorando o exterior da Igreja há na fachada um Painel de Azulejos, em tons azuis, de autoria de Cândido Portinari (1903-1962), evocativo à São Francisco de Assis, o Santo protetor dos animais.

Uma ocorrência inusitada aconteceu após o término da construção. As autoridades eclesiásticas não permitiram, durante muitos anos, a consagração da Igreja, porque chocadas pela forma nada ortodoxa da construção
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